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Você está de boa por aí, na aula, em casa ou curtindo com a galera. Nem está cansado, nem nada. Até o momento que alguém boceja. Ferrou. De repente você percebe que você, e praticamente todo mundo que está por perto, começa a bocejar também.

A pergunta que surge a seguir é óbvia: afinal, por que será que bocejar é tão contagioso? E, pior ainda, por que só de ler a palavra “bocejar” já bate aquela vontade de bocejaaaahhh?

Esse fenômeno é tão curioso que um monte de cientistas tem se dedicado a pesquisá-lo. Segundo a neurocientista Claudia Aguirre, ainda assim não existe uma resposta definitiva, mas algumas hipóteses.

A primeira delas tem base na fisiologia e argumenta que o bocejo coletivo é acionado por um estímulo específico de um bocejo inicial, o que é chamado de padrão fixo de ação. De uma maneira bem simplificada, é como se fosse um reflexo: se você boceja, seu amigo que está olhando para você vai acabar bocejando também. É como se fosse um efeito dominó: uma vez acionado, já era. Não tem como parar.

Outra hipótese, também baseada na fisiologia, é conhecida como mimetismo não consciente. Basicamente, é quando você, sem perceber, imita a pessoa que está na sua frente de um jeito sutil e não intencional – tipo quando alguém cruza as pernas e você também cruza. A conclusão, então, é que a gente acaba bocejando quando vê o outro bocejar porque estamos, inconscientemente, imitando o outro.

Os cientistas que acreditam nessa hipótese justificam que isso ocorre em função dos chamados neurônios-espelho, um grupo especial de neurônios que reage de forma igual quando fazemos alguma coisa e quando observamos alguém fazendo a mesma coisa.

Esses neurônios são importantes porque nos ajudam a aprender e a desenvolver a autoconsciência, como quando a gente assiste a um passo a passo para tentar fazer igual.

Talvez a hipótese mais difundida é a psicológica, conhecida como bocejo de empatia. Também baseada nos neurônios-espelho, essa explicação parte da nossa habilidade de entender o que o outro está sentindo e nos colocarmos em seu lugar.

Recentemente, neurocientistas descobriram que um subgrupo destes neurônios-espelho nos permite sentir empatia em um nível muito mais profundo. Essa hipótese foi descoberta quando eles testavam uma outra hipótese, a do padrão fixo de ação.

O que veio a seguir é a descoberta de que a gente costuma a bocejar mais quando vemos alguém que conhecemos bocejando, do que quando vemos alguém que não conhecemos.

Esse bocejo por empatia – que rola também com animais – começa nos seres humanos por volta dos 4 ou 5 anos, que é a idade que as emoções são reconhecidas com mais exatidão.

É claro que se você procurar, vai encontrar na internet um monte de imagens de gatinhos e bebês dividindo um bocejo. Daí que, no futuro, podem surgir outras hipóteses que expliquem esse fenômeno. Agora dá licença que eu vou lá dar uma bocejadinhahhhhh….