COMPARTILHAR

Há algumas semanas, um assunto tem criado o maior zum-zum-zum na comunidade científica – especialmente entre astrofísicos e astrônomos: a possível confirmação da existência de ondas gravitacionais.

Hoje, uma aguardada coletiva de imprensa com cientistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), do MIT e do LIGO (Laser Interferometer Gravitational-wave Observatory) serviu para confirmar o que todo mundo já desconfiava e que Albert Einstein já sabia: sim, as ondas gravitacionais não só existem como finalmente foram detectadas pelas equipes do LIGO.

Szabolcs Marka, um dos cientistas do LIGO, disse que esta descoberta é o equivalente na astrofísica do raio-x na medicina. “São milhões de novas possibilidades”, disse Marka.

Baseado nos detalhes do sinal detectado, a equipe do LIGO estima que o evento que gerou as ondas gravitacionais detectadas ocorreram há 1.3 bilhão de anos, e foram resultado do choque entre dois buracos-negros, um com a massa 29 vezes maior que o sol e outro 36 vezes maior que o sol.

Quando a colisão ocorreu, o equivalente a 3 vezes a massa do sol se converteu diretamente em energia, liberada na forma de ondas gravitacionais. Por uma breve fração de segundo, este único evento produziu mais energia do que todo o resto do universo visível combinado.

Mas afinal, por que as ondas gravitacionais são tão importantes?

Para responder a esta questão, o ideal é começar respondendo a outra pergunta: o que é uma onda gravitacional? A explicação vem de Jorge Cham, do site PhD Comics: em poucas palavras, é uma ondulação no tecido do espaço-tempo.

Imagine que o espaço é um enorme lençol de borracha, e qualquer objeto que possua massa deforme este lençol. Quanto maior a massa, maior a curvatura e a distorção do espaço pela gravidade. “Por exemplo, a Terra gira em torno do sol, porque o sol tem uma massa muito grande, o que causa uma grande distorção no espaço a seu redor. Se você tentar se mover em linha reta ao redor desta grande distorção, você na verdade estará se movendo em um círculo”.

Isso explicaria as órbitas dos planetas: na verdade, não há nenhuma força puxando os planetas em torno deles, mas somente a curvatura do espaço.

As ondas gravitacionais ocorrem em qualquer lugar que haja massas aceleradas modificando a distorção do espaço – ou, no caso das ondas detectadas pelos cientistas, causadas pelo choque e fusão de dois buracos-negros, já que qualquer coisa que possui massa e/ou energia pode produzi-las.

7632898002_f8fed003d3_b

A dificuldade em observar estas ondas gravitacionais se deve ao fato de a gravidade ser muito fraca em relação a outras forças do universo, o que torna necessário algo muito massivo e se movendo muito rápido para criar ondulações grandes o suficiente para serem detectadas.

É aí que entra o LIGO: este experimento possui túneis de 4 quilômetros de extensão e utiliza laser para medir mudanças na distância entre as extremidades dos túneis. Quando uma onda gravitacional passa através deles, ela estica o espaço em uma direção e comprime o espaço na outra.

Medindo a interferência dos lasers quando eles quicam entre pontos diferentes, os físicos podem medir com precisão se o espaço foi esticado ou comprimido.

A importância, então, se deve ao fato de esta ser uma forma completamente nova de se estudar o universo, preenchendo um grande vazio em nossa compreensão sobre sua origem.

E onde Albert Einstein entra nessa história toda?

As ondas gravitacionais fazem parte da Teoria Geral da Relatividade, criada por Einstein há 100 anos.