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Há pelo menos 27 temporadas e um longa-metragem, a gente tem acompanhado Homer Simpson e seu trabalho como inspetor de segurança de uma usina nuclear em Springfield, no qual ele não é lá muito competente. Durante este tempo, a gente já viu diversos acidentes (ou não) ambientais, com lixo nuclear sendo descartado da maneira mais irresponsável possível.

No mundo real, entretanto, a gente espera que a situação seja um pouco melhor.

Geralmente, as usinas nucleares – ativas ou inativas – contam com uma espécie de piscina, onde é possível visualizar grandes blocos brilhantes no fundo. Estes blocos consistem em um combustível nuclear já gasto, que não serve para mais nada, mas que precisa ficar a pelo menos 12 metros da superfície.

A água, sem nenhum tratamento necessário, é o suficiente para proteger os funcionários da usina dos perigos da radiação. Mas, afinal, o que causa esse brilho, até um pouco arrepiante, que é associado ao lixo nuclear em tudo quanto é filme, série e animação?

Na real, a claridade não é causada apenas pelo lixo nuclear, mas também pelos reatores que estão sob a água. O brilho é resultado de algo chamado radiação Cherenkov, um fenômeno benigno que parece ser mais perigoso do que realmente é, e pode ser considerado como o equivalente a uma explosão sônica, podendo pegar e interferir com a luz.

Quando se movem através da água, os fótons são absorvidos e reemitidos pelas moléculas de H2O, o que efetivamente diminui sua velocidade através do meio. Muitas partículas carregadas eliminadas por práticas nucleares, entretanto, viajam próximas à velocidade da luz e não são retardadas pela água. Isso significa que elas realmente podem viajar pela água mais rápido do que a luz. Essas configurações permitem que o modelo de explosão sônica domine.

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O brilho, então, é o resultado do fato de que essas partículas carregadas realmente causam distorções magnéticas na água enquanto passam por elas. Estas distorções fazem com que as moléculas eliminem os fótons e o efeito da explosão sônica os amplifique até níveis visíveis. Em resumo, a radiação do material nuclear super-carrega as moléculas da água até que elas liberem o excesso de energia na forma de uma luz azul.

É por isso que a luz parece tão difusa e misteriosa: a fonte de luz é a a água em si, não a amostra no fundo. A amostra parece brilhar porque o efeito desaparece conforme ele se distancia da fonte de radiação. Assim, a água que está ao lado da amostra é aquela que mais brilha.

A água retarda a luz para cerca de 75% da sua velocidade no vácuo, mas há outras substâncias que fazem o mesmo. Teoricamente, é possível recriar o brilho Cherenkov em qualquer substância que capaz de retardar significantemente a propagação de fótons para permitir a recuperação das partículas carregadas.

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Em resumo, se o lixo nuclear for descartado apropriadamente – nessas espécies de piscinas preparadas para isso – conseguimos obter um pouco de segurança.

Sacou, Mr. Burns?