Bastou o termômetro subir para muita gente começar a reclamar do calor excessivo. E para quem não é lá muito resistente às altas temperaturas, basta passar dos 30ºC para ficar insuportável.
Mas afinal, qual é a temperatura mais quente possível?
Para a gente tentar responder a esta questão, é preciso começar pela outra extremidade. O chamado zero absoluto corresponde a zero Kelvin, ou algo em torno de -273.15ºC. Na real, esta é a conversão completa entre Celsius e Kelvin, já que a única diferença entre eles está na definição do número zero.
Enquanto em Celsius zero é estabelecido como o ponto de congelamento da água no nível do mar, em Kelvin o zero está relacionado à total ausência de calor. E calor, é claro, é considerado a interação de átomos em movimento. Sem movimento, sem calor – o que corresponde objetivamente à temperatura mais baixa possível.
Levando tudo isso em conta, será que é possível fazer o caminho inverso e pensar objetivamente na temperatura mais alta possível?
Sim, é possível. É claro que é um raciocínio teórico, já que seria praticamente impossível aquecer qualquer coisa a uma temperatura relevante para esta questão. Então, o jeito é usar a matemática para calcular o que aconteceria a uma temperatura extremamente quente, daquelas praticamente inimagináveis. A primeira resposta encontrada pelos cientistas é que, na real, ninguém sabe. Mesmo.
Os melhores modelos de física relacionados a estas temperaturas simplesmente são destruídos a certo ponto, resultando em uma espécie de final “de fato” do aumento da temperatura. Então, será que aquela matéria não pode ser aquecida mais do que determinado ponto ou os cientistas apenas não sabem o que aconteceria se fosse possível?
Quando um objeto alcança uma temperatura, digamos, super quente, ele começa a emitir radiação em ondas decrescentes – afinal, existe uma relação entre a temperatura de um corpo e o comprimento de onda da radiação emitida que determina que quanto mais quente o objeto, menor o comprimento/frequência da onda. Conforme o calor segue aumentando, a energia desta radiação também deveria, a partir do espectro visível até raios-x, gama e além…
Há um limite teórico mais baixo para a frequência das ondas de radiação que é ditado pela Lei de Planck, então assume-se que a energia não pode continuar aumentando de maneira que produziria uma radiação impossível.
Isso poderia ocorrer por volta de 1032 Kelvin – também conhecida como a temperatura de Planck. Aqui, a radiação emitida teria o menor comprimento de onda possível no chamado Comprimento de Planck (algo em torno de 1,6 × 10−35 m, o que corresponde à distância que a luz percorre no vácuo durante um tempo de Planck).
A energia de cada partícula se tornaria tão grande que as leis da física começariam a ser quebradas. Partículas individuais criariam campos gravitacionais fortes, afetando uns aos outros de formas que a física moderna não pode nem descrever.
Em resumo, na teoria não existe limites para a quantidade de energia que pode ser adicionada a um corpo e, caso a temperatura de Planck fosse ultrapassada, haveria chances de se criar um buraco negro formado a partir de partículas de energia. E, raciocinando tecnicamente, se existe um zero absoluto, é possível que também exista um “quente” absoluto também.