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Apesar de estar quase que diariamente no noticiário, não é de hoje que a coisa está feia para os lados da Síria. Na verdade, o país que se tornou a maior fonte de refugiados do mundo, causando o maior fluxo mundial de imigrantes desde a 2ª Guerra Mundial, está enfrentando uma guerra civil desde 2011.

Para você que quer entender o que está rolando por lá, o canal In a Nutshell criou uma espécie de guia definitivo, que a gente resume aqui no Go Beta Go.

Desde 1971, a Síria é governada em um esquema ditatorial pela família al-Assad: primeiro por Hafel al-Assad, que morreu em 2000 e foi sucedido por seu filho, Bashar al-Assad.

Lá em 2011, quando rolou a chamada Primavera Árabe e diversos países da região derrubaram seus regimes totalitários, al-Assad se negou a abrir mão do poder, o que deu início a uma brutal guerra civil.

Lutando entre si na guerra estão representantes de diferentes etnias e grupos religiosos, entre eles o violento Estado Islâmico, que tem por objetivo formar um califado islâmico autoritário.

Presa em meio à violência, 4 milhões de sírios já fugiram do país, sendo que 95% deles estão vivendo em países vizinhos.

Países do Golfo Pérsico como Kuwait, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Omã, entretanto, não receberam nenhum refugiado.

Com abrigos superlotados, sem comida, água ou medicamentos suficientes, milhares de sírios decidiram buscar asilo na Europa.

O problema é que a Europa não estava lá preparada para receber essa galera toda, já que seus principais investimentos foram, na verdade, para melhorar as defesas das fronteiras.

Para piorar, a União Europeia determina que o refugiado tem de permanecer no país onde ele chega primeiro, o que dificulta a vida de países que já estão com grandes problemas, como a Grécia, por exemplo.

E o mundo, que já não é lá essas coisas em termos de união, começou um jogo internacional de empurra, com diversos países se recusando a receber refugiados e deixando os países de fronteira no maior sufoco.

Uma história, entretanto, foi o ponto de partida para mudanças: a trágica morte de Aylan Kurdi, de apenas 3 anos, que se afogou durante a travessia da família rumo à ilha grega de Kos. Foi a foto dele, morto em uma praia da Turquia, que chocou e comoveu o mundo.

A partir disso, cidadãos começaram a se mobilizar para ajudar como podem.

A Alemanha anunciou que aceitará, sem exceção, todos os sírios, com a expectativa de receber 800 mil refugiados somente este ano. Pouco tempo depois, mudou de ideia e cobrou uma ação da União Europeia.

Enquanto isso, o Reino Unido permitirá a imigração de apenas 20 mil sírios nos próximos 5 anos.

A Austrália, 12 mil.

Os Estados Unidos, 10 mil.

E só para constar, a Jordânia, com um PIB 78 vezes menor que o do Reino Unido, está abrigando  600 mil sírios.

Para impedir a imigração massiva dos refugiados sírios, a Europa usa argumentos infundados. A começar pela preocupação que os islâmicos se tornem maioria no continente.

A real é que, ainda que os 4 milhões de refugiados migrem para a Europa, e todos eles sejam muçulmanos, haverá um aumento de apenas 1% na população islâmica do continente.

As taxas de natalidade também não deverão aumentar, uma vez que elas estão diretamente ligadas aos índices de escolaridade. Grande parte dos refugiados sírios tem diploma universitário e, mesmo na Síria, as taxas de natalidade já eram baixas antes do início da guerra civil.

Os europeus devem ter medo da violência? Refugiados que se tornaram imigrantes são menos predispostos à cometerem crimes.

Os sírios também são profissionais formados, que podem colaborar com a economia local.

E sabe todos aqueles smartphones que a gente vê eles usando na televisão? Imagina só se lançar em uma jornada perigosa como as que os refugiados têm enfrentado sem tecnologia nenhuma para ajudar. Hoje em dia isso é impensável.

A crise síria pode estar longe de ser resolvida, por isso é importante que todos se envolvam e colaborem como puderem. Afinal, os sírios estão fugindo do pior conflito dos dias de hoje e, se eles não forem aceitos e integrados em outros países, histórias como a do menino Aylan vão continuar se multiplicando nos noticiários.