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Toda vez que alguém torce o nariz para alguma coisa, usando a justificativa de que aquilo é uma “substância química”, morre um atomozinho. A palavra “químico” ou “química” para definir algo produzido artificialmente não é das melhores, uma vez que tudo é “químico”. Inclusive nós, seres humanos.

Uma definição curta e simples de química é que ela é o estudo da composição, estrutura e propriedades da matéria, além de todas as transformações sofridas por ela durante as reações químicas e sua relação com a energia (valeu, Wikipedia).

Mas, voltando ao nosso corpo, ele não é apenas formado por átomos e ligações químicas, mas também produz uma série de substâncias químicas surpreendentes, algumas delas podem até parecer venenosas. Confira alguma delas abaixo:

1. Formaldeído

Também chamada de metanal, essa molécula é conhecida por preservar coisas mortas – o formol é a solução aquosa desta substância, que diluída a 45% ganha o nome de formol. Outro uso conhecido do formol aqui no Brasil é como base para produtos de alisamento de cabelo, aplicação proibida pela Anvisa em função dos seus efeitos nocivos à saúde após a exposição prolongada.

No nosso corpo, o formaldeído une uma série de componentes celulares em um processo chamado fixação, responsável por frear qualquer reação química e torna os tecidos mais rígidos. Assim, o processo de decomposição é retardado e bactérias dispersas são mortas.

A produção do formaldeído pelo corpo ocorre durante alguns processos metabólicos, que também são responsáveis por transformá-lo em formato, que ajuda a fazer os ácidos nucleicos adenina e guanina, duas das bases do DNA.

2. Acetona

Em pequenas quantidades, a acetona – aquela mesma, que é usada para remover esmalte – também é encontrada no nosso sangue e urina. Em grandes quantidades, a acetona pode causar irritação e erupções cutâneas, mas acredite ou não, essa substância é produzida pelo nosso corpo para nos ajudar. Isso ocorre quando nossos níveis de energia estão absurdamente baixos.

Geralmente, nossa principal fonte de energia está nos carboidratos, mas quando a gente exagera nos exercícios ou adotamos uma dieta low-carb, o corpo começa a buscar outras fontes, como por exemplo quebrar gorduras de um jeito diferente. Sem a glicose dos carboidratos, a quebra destas gorduras produz os corpos cetônicos. Um deles é o acetoacetato, que lá na frente pode se transformar em acetona, que será eliminada pela urina.

3. Ácido clorídrico

O ácido clorídrico costuma ser usado em produtos de limpeza e na indústria devido ao seu alto poder de dissolução. E é exatamente este poder de dissolução que é necessário ao corpo humano, mais precisamente ao nosso estômago. Quando a gente se alimenta, estamos em busca de nutrientes necessários ao nosso organismo. O problema é que estes nutrientes geralmente estão contidos em moléculas bastante complexas e, para complicar ainda mais, ainda temos de disputar os nutrientes com as bactérias que vivem em nosso corpo.

O ácido clorídrico age no estômago como um dois em um: quebra os nutrientes e ainda elimina bactérias.

E como nosso estômago não fica cheio de furos com todo esse ácido? A proteção vem de uma camada de muco produzida pelas células estomacais, que é cheia de ions de bicarbonato.

4. Amônia

Presente na fórmula de alguns produtos de limpeza, fertilizantes e produtos para alisar cabelos, a amônia é ótima para quebrar gorduras e óleos. Nosso corpo, por sua vez, produz a amônia quando metaboliza a proteína – assim como algumas das bactérias presentes no nosso sistema digestivo.

Uma parte da amônia também é usada por nossos rins, onde ela se liga ao hidrogênio e ajuda a combater o acúmulo excessivo de ácido. O fígado, então, transforma a amônia extra em ureia, que é um dos componentes da urina.

5. Endocanabinoides

Opa, é isso mesmo que você leu? Sim! Alguns tipos de canabinoides são as principais substâncias que interagem com receptores do cérebro humano quando elas usam maconha. Endocanabinoides são componentes que o corpo produz e que atuam nos mesmos receptores do cérebro que a maconha.

Uma das principais funções dos endocanabinoides é reforçar comportamentos de acúmulo de energia, tornando-os agradáveis, como quando comemos comidas calóricas.

Estes componentes são encontrados não só nos cérebros de bebês, mas também no leite materno, onde provavelmente têm a função de manter as crianças interessadas em comer frequentemente, como uma espécie de fórmula para despertar e reforçar o apetite.

Se você pensou em larica, é tipo isso. Tudo isso faz a gente ter certeza, mais uma vez, de que o corpo humano é fantástico.